No último dia do I Encontro do MPF/SC de 2010, os procuradores da República foram convidados a participar de um trabalho de campo na Usina Hidrelétrica (UHE) de Barra Grande. O objetivo da visita foi apresentar as ações socioambientais desenvolvidas pela usina, em função de um termo de ajustamento de conduta firmado com o MPF em Lages.

De acordo com o procurador da República Nazareno Jorgealem Wolff, o território de abrangência da PRM/Lages possui uma grande quantidade de empreendimentos hidrelétricos, com seis usinas hidrelétricas e cerca de 17 PCHs (potência de até 30 MW), concedidas pela União e em fase de licenciamento. Para o procurador, "é enorme a responsabilidade do MPF na condução desse processo, porque, além da questão ambiental, milhares de famílias tem de ser realocadas".

 A região de atuação da PRM/Lages já foi bastante castigada por conflitos decorrentes de insatisfações quanto a questões ambientais, sociais e econômicas, resultantes da construção de empreendimentos destinados à exploração do potencial de energia hidráulica dos rios.

 Em função disso, desde 19 de setembro de 2003, quando foi instalada a Procuradoria da República no município, o Ministério Público Federal está intervindo e monitorando as autorizações e construções de obras e barragens, em razão de diversas irregularidades na avaliação dos impactos ambientais e dos diversos conflitos sociais surgidos entre empreendedores e a população atingida.

 Esse monitoramento, desenvolvido em parceria com o Ministério de Minas e Energia e com os órgãos licenciadores (o IBAMA, no caso dos Aproveitamentos Hidrelétricos - AHEs - Machadinho e Barra Grande, e a FATMA, no caso do AHE Campos Novos), resultou na readequação das condições dos licenciamentos por meio da formalização de uma série de termos de compromisso e de ajustamento de conduta.

 O resultado desses termos foi o incremento nos valores dos investimentos ambientais e sociais dos empreendedores e da União na região, garantindo uma observância mais adequada da legislação e do interesse público, além da integridade do meio ambiente e da pacificação dos conflitos sociais que surgiram pela necessidade de intervenção em propriedades privadas, modos de vida e tradições culturais.

 De acordo com dados fornecidos pela PRM/Lages, esses investimentos já somam, entre ações executadas e em execução, mais de R$ 54 milhões. Essas ações incluem readequações no programa de indenização das famílias atingidas pelos AHEs Barra Grande, Machadinho e Campos Novos, bem como reajuste das condicionantes ambientais dos AHEs Barra Grande e Pai Querê, com o compromisso de realização da Avaliação Ambiental Integrada da Bacia do Rio Uruguai.